O banco digital Nubank (NYSE:NU; B3:NUBR33) divulgou na última terça-feira (22) seu primeiro balanço após sua abertura inicial de capital, registrando um prejuízo líquido de US$ 66,2 milhões no quarto trimestre de 2021 – cifra 36,1% inferior às perdas de US$ 103,7 milhões registrados no mesmo período de 2020 e melhor do que o consenso da Refinitiv, que apontava perda de US$ 138 milhões.
As ações registraram forte alta no after market da véspera após o balanço, seguindo com ganhos no pré-market de Nova York desta quarta-feira (23), chegando a avançar mais de 9% durante a manhã. Contudo, o movimento de ganhos foi perdendo força. Os Brazilian Depositary Receipts (BDRs) NUBR33 abriram com alta de cerca de 6%, mas viraram para perdas no fim da manhã e, às 11h40 (horário de Brasília), caíam 4%, a R$ 7,20, na B3. Na Bolsa de Nova York, nos primeiros negócios, as ações já tinham queda de 4,66%, a US$ 8,39.
Os resultados dividiram os analistas de mercado. Para o Bradesco BBI, o Nubank registrou resultados mais fracos que o esperado, com tendências subjacentes negativas, com um conjunto de resultados de menor qualidade.
O banco acredita que os dados de receita, que superaram a expectativa ao totalizarem US$ 635,9 milhões, alta de 224,3% na base anual, foram impulsionados principalmente por ganhos de menor qualidade devido ao forte desempenho da tesouraria, apesar da sólida receita de clientes, enquanto as receitas de tarifas também ficaram abaixo das expectativas.
Além disso, o crescimento relevante das provisões aponta para uma perspectiva negativa de inadimplência, devido à metodologia de perda esperada, reforçando a tese de que um ambiente macro mais fraco deve atingir o banco ao longo do ano. O banco mantém avaliação underperform (desempenho abaixo da média do mercado) para a ação do Nubank negociada em Nova York, com preço-alvo de US$ 5,00, ou queda de 43% em relação ao fechamento da véspera.
Já para o Itaú BBA, que também possui recomendação underperform para os papéis, com preço-alvo de US$ 8 (queda de 9,2% frente o fechamento da véspera), os resultados foram mistos. A expansão da receita total (com margem financeira e de serviços) foi beneficiada pela significativa aceleração da carteira de crédito (+28%) via crédito pessoal (+54%).
O índice de inadimplência apresentou um aumento modesto de 10 pontos-base no trimestre, sendo um alívio para o mercado. Do lado negativo, o crescimento recorrente da receita de serviços de 18% no trimestre ficou abaixo das expectativas.
As despesas operacionais aceleraram (+37% na base trimestral), enquanto as despesas de provisão para créditos ruins aumentaram bem à frente da carteira de empréstimos, dada a política de provisão de “perda esperada” do banco. O índice de cobertura (que representa a proporção que a provisão para risco de crédito é capaz de cobrir os créditos inadimplentes) encerrou o trimestre com alta de 10 pontos percentuais, para 240%, ante previsão do BBA de estabilidade. Já o lucro ajustado de US$ 3 milhões superou as estimativas de consenso de uma perda de US$ 10 milhões.