
Pense na seguinte analogia: um chef de cozinha e você. Ambos leem a mesma receita, mas algo separa o resultado final dos pratos. Você seguiu fielmente o que o manual dizia. O chef conhece o manual, mas reconhece variações. Aumenta a chama, prova e corrige o tempero. O resultado? O prato do chef fica incrível, enquanto o seu pode acabar exatamente como o manual pregou: correto, porém comum. Não surpreende nem supera as expectativas. Ambos seguiram a receita. Mas o chef fez arte. Você fez o que o manual manda.
Existem muitas teorias de administração brilhantes. Mas a gestão depende de talento e de uma atitude semelhante à do chef citado anteriormente. Existem muitas ferramentas, mas saber qual utilizar e em que intensidade requer conhecimento, experiência e sensibilidade – elementos que não estão no manual. Um exemplo claro foi quando a Apple, em meio a uma crise, substituiu Steve Jobs por John Sculley, ex-vice-presidente da PepsiCo. Mesmo com sua vasta experiência, o contexto era diferente, e o playbook tradicional falhou. Algo semelhante aconteceu quando Bob Iger se aposentou pela primeira vez na Disney: seu sucessor, escolhido cuidadosamente pelo Conselho, não obteve o sucesso esperado, e a Disney acabou recontratando Iger. Substituir artistas é difícil. E alguns são talhados para os papéis que devem conduzir. Outros não.
A arte da administração está exatamente em conseguir ler o macroambiente, o ambiente de mercado, o ambiente interno em todas as suas especificidades. Onde acelerar, como mobilizar a equipe, sensibilizar os compradores e consumidores, em que doses fazer isso de maneira a engajar toda a equipe. É uma sinfonia que se constrói.
A Teoria da Ordem, que aplicamos em nossas investidas, nasceu da observação de dezenas de empresas e de nossas experiências de gestão. Casos diferentes, soluções diferentes, regidas por uma linha mestra. Não existe aplicação automática. O risco de imaginar que é possível aplicar uma teoria sem observar as condições, constrói uma ideia de que o mundo deve se adequar aos nossos planos. É uma visão obtusa, sem espaço para o empreendedor agir e usar toda sua potencialidade.