
No Fundo Order, gostamos de analisar e classificar as empresas em quatro categorias:
1. Baixo crescimento e confiáveis
Negócios sólidos, mas sem grande potencial de valorização. Normalmente são as empresas incumbentes, ou seja, aquelas que dominam os seus setores, como por exemplo WEG no setor industrial, Ambev no setor de consumo/varejo, Itaú no setor financeiro. Pelas características de liderança e market share no setor, essas empresas se encontram em patamares de preços elevados ou pouco atrativos para aquisição oportunística.
2. Alto crescimento e algum risco
Empresas promissoras, mas que exigem execução impecável. São altamente desejáveis desde que identificadas no estágio certo – quando já ultrapassaram a fase de protótipo e validaram seu modelo de negócios no mercado.
Um bom exemplo dentro do portfólio do Fundo Order é a Zerezes. Investimos na empresa quando ela já havia conquistado um público fiel graças ao design único desenvolvido por seus fundadores (dois designers e um administrador) e validado seu modelo D2C, com vendas tanto no digital quanto em lojas próprias. Na época do investimento, a empresa possuía apenas cinco lojas; em 2025, serão 40 – e um sonho muito maior.
3. Cíclicas
Negócios altamente dependentes do ambiente econômico, como commodities e setores de capital intensivo. Essas empresas enfrentam riscos elevados e, muitas vezes, exigem um capital intensivo que reduz sua atratividade, como por exemplo, nos setores de petróleo e transporte aéreo.
Estamos acompanhando pela imprensa o sofrimento do empresário Rubens Ometto, especialmente na empresa Cosan; bilhões de reais foram destruídos por conta da volatilidade do Brasil.
O Fundo Order tem um investimento em PCHs, preferindo manter-se no mercado regulado, que significa contratos de 30 anos com preço fechado. Fugimos da geração distribuída e do mercado livre de energia. Partimos do pressuposto de que capital intensivo não aguenta desaforo. Nesse setor, disciplina é tudo.
4. Reestruturação
São companhias desorganizadas em sua gestão, modelo de negócios ou estrutura financeira. Baseados em nosso método proprietário, a Teoria da Ordem, acreditamos que toda empresa tende naturalmente à desordem. Essa desordem pode surgir por fatores externos, como uma inovação disruptiva da concorrência, aumento das taxas de juros ou mudanças nos hábitos dos consumidores; ou por fatores internos, como liderança disfuncional, estrutura inadequada de capital ou complacência gerencial.
Quando identificamos essas situações, encontramos o verdadeiro campo de atuação no Fundo Order: transformar empresas que estão em desordem, porém com potencial claro de recuperação e crescimento sustentável.
Nosso histórico prova a força dessa abordagem:
- A Montana foi adquirida e depois vendida com um retorno de 150 vezes o investimento para o grupo Kuhn (capital aberto em Zurique, ticker BUCN).
- A Agres seguiu um caminho semelhante, gerando 53 vezes o valor investido, e depois foi vendida para o grupo Emak (capital aberto em Milão, ticker EM).
- A WAP, ainda no portfólio, já se multiplicou em mais de 200 vezes.
- A Enova Foods, em fase final de turnaround, já vale 10 vezes o capital investido.
- No segundo semestre de 2024, o Fundo Order, em associação com a Shift Capital, adquiriu a Acquion, empresa de colágeno hidrolisado que está em fase inicial do turnaround, mas com potencial tão grande quanto as anteriores.
O ponto central é simples: nem toda empresa pode ser salva. Assim como na vida, algumas organizações estão destinadas ao colapso. O segredo não é apenas saber como reestruturar, mas sim identificar as empresas que podem – e devem – ser transformadas. O segredo de ouro do turnaround é comprar uma empresa “turnaroundável”.
Para muitos, executar um turnaround na vida já seria o bastante. Nós, porém, não apenas repetimos esse processo diversas vezes, como também o transformamos em um método – que chamamos de Teoria da Ordem.